O 1º de maio, Dia do Trabalhador, é mais do que uma data comemorativa. É um convite à reflexão sobre o valor do trabalho humano, sobre as conquistas históricas dos trabalhadores e, sobretudo, a respeito dos desafios ainda presentes no nosso mercado de trabalho. Entre tantos temas que precisam de atenção, quero hoje destacar a necessidade urgente de construirmos um mercado de trabalho verdadeiramente inclusivo para as pessoas com deficiência.
A luta por um país mais justo passa, inevitavelmente, pela inclusão plena — e isso significa garantir que todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, sensoriais ou intelectuais, tenham acesso digno ao trabalho. A Lei de Cotas (Lei nº 8.213/91), que completou mais de 30 anos de existência, determina que empresas com 100 ou mais empregados devem reservar de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. No papel, é um avanço. Na prática, ainda encontramos muitos obstáculos.
Infelizmente, o que vemos com frequência são contratações feitas apenas para o cumprimento burocrático da lei, sem o devido preparo para receber esses profissionais com dignidade. Contratar não é sinônimo de incluir. Incluir é promover acessibilidade nos ambientes, adaptar processos, capacitar lideranças e, principalmente, combater o preconceito estrutural que ainda marginaliza esses trabalhadores.
É preciso parar de enxergar a inclusão como um favor e começar a tratá-la como direito. Estamos falando de cidadania, de respeito à dignidade humana e, também, de inteligência organizacional. Empresas verdadeiramente inclusivas são mais diversas, mais criativas, mais humanas. Ambientes diversos produzem melhores resultados.
Como legisladora, tenho me empenhado em propor políticas públicas que fortaleçam a inclusão de pessoas com deficiência em todas as áreas da sociedade, inclusive no mercado de trabalho. Mas essa transformação não depende apenas do poder público. Ela exige o compromisso da iniciativa privada, da sociedade civil e de cada um de nós, enquanto cidadãos.
Neste Dia do Trabalhador, o meu apelo é por consciência a respeito do papel de cada pessoa na criação de ambientes verdadeiramente inclusivos e por ação. Que possamos olhar para o mercado de trabalho com um senso maior de responsabilidade social. Que possamos entender que a inclusão não é caridade — é justiça.
A luta por direitos é contínua, e o trabalho digno deve ser um direito de todos. Sem exceção.
Maysa Leão é vereadora, vice-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, empresária, e ativista pela inclusão e erradicação da violência contra crianças e mulheres.
