O ex-prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), prestou depoimento nesta segunda-feira (7) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o contrato entre a Prefeitura e a empresa CS Mobi, responsável pelo estacionamento rotativo na capital. A sessão, aguardada com expectativa, começou sob tumulto, provocações e clima de tensão entre os vereadores.
Logo na chegada à Câmara Municipal, Emanuel atraiu atenção ao vestir uma camiseta com a frase: “Quem não tem visão da casa pronta, não suporta a obra.” Segundo ele, a mensagem foi um recado direto ao atual prefeito, Abílio Brunini (PL).
“É fácil criticar o que não se compreende. O estacionamento rotativo não trata apenas de vagas, mas de mobilidade, ordenamento urbano e revitalização de espaços públicos”, afirmou.
Durante o depoimento, Emanuel defendeu o contrato firmado com a CS Mobi, alegando que atende ao interesse público e prevê contrapartidas importantes, como a revitalização do Mercado Municipal Miguel Sutil, patrimônio histórico da cidade. Ele destacou que o projeto foi embasado em estudos técnicos com foco na modernização da mobilidade urbana.
A CPI, no entanto, demonstrou resistência ao modelo adotado, especialmente à cláusula que prevê uma compensação de R$ 650 milhões à empresa ao longo de 30 anos, caso a arrecadação não atinja a meta estipulada. Para os vereadores, a medida representa risco aos cofres públicos e penaliza os motoristas, que passam a pagar por vagas antes gratuitas.
A sessão teve embates acalorados entre aliados de Emanuel e vereadores da base do prefeito atual. Irritado com interrupções, o ex-prefeito reagiu:
“Não vim aqui para ser desrespeitado. Vim para esclarecer. Não aceito acusações sem fundamento.”
Do lado de fora, manifestantes se dividiram entre defensores do ex-prefeito e críticos do projeto. Enquanto alguns exibiam faixas em apoio à antiga gestão, outros protestavam contra o que chamam de “pedágio urbano”, pedindo a anulação do contrato.
A CPI ainda deve ouvir representantes da CS Mobi, além de ex-secretários e técnicos envolvidos no processo. O relatório final está previsto para agosto, com possibilidade de prorrogação. Enquanto isso, a implementação do sistema segue sob críticas de comerciantes e motoristas do centro de Cuiabá.