14 de Julho de 2025

POLÍTICA Segunda-feira, 14 de Julho de 2025, 10:51 - A | A

Segunda-feira, 14 de Julho de 2025, 10h:51 - A | A

PAÍS EM ALERTA

Presidente da AMM critica tarifa de Trump contra o Brasil e alerta para impacto em Mato Grosso

Leonardo acredita que a medida tem caráter político e não deve se concretizar; tarifa de 50% pode causar prejuízos à economia mato- grossense e intensificar tensão comercial entre Brasil e EUA.

Ana Carolina Guerra | Redação

O presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin, classificou como “péssima” a possível imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Para ele, a medida anunciada pelo ex-presidente americano Donald Trump, por meio de carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem forte cunho político e dificilmente será implementada.

“Acredito que isso não se concretize. Certamente causaria um grande impacto econômico para Mato Grosso, principalmente pela dependência da importação de matéria-prima”, alertou Bortolin, destacando os riscos que uma guerra comercial com os EUA representaria para os setores industrial e agropecuário do estado.

O anúncio de Trump ocorre em meio a um recorde histórico nas exportações brasileiras para os EUA. Segundo dados da Amcham Brasil, entre janeiro e maio deste ano, o Brasil exportou US$ 16,7 bilhões aos Estados Unidos, um aumento de 5% em relação ao mesmo período de 2024. Mesmo com tarifas em vigor desde abril, o comércio bilateral seguia em crescimento.

Com a previsão de que novas tarifas entrem em vigor em 1º de agosto, especialistas alertam para uma possível escalada na tensão comercial entre os dois países. O governo brasileiro já sinalizou uma possível retaliação, com aumento de impostos sobre produtos americanos. Em resposta, Trump afirmou que eventuais tarifas brasileiras levarão a novos aumentos sobre exportações do Brasil, o que chamou de “escada tarifária”.

A carta enviada a Lula mistura argumentos comerciais com críticas políticas. Trump acusa o Brasil de manter barreiras comerciais injustas e cita o julgamento de Jair Bolsonaro no STF como “uma vergonha internacional”. Também acusa o país de atacar eleições livres e violar a liberdade de expressão de cidadãos americanos, sem apresentar evidências.

A reação de entidades do setor produtivo brasileiro foi de preocupação. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a medida ameaça empregos e carece de fundamento econômico. Já o economista e Nobel Paul Krugman classificou a iniciativa como mais um exemplo do uso de tarifas com fins ideológicos.

Trump também sugeriu que empresas brasileiras poderiam evitar as tarifas transferindo sua produção para os Estados Unidos, prometendo facilitar os trâmites regulatórios.

Segundo ele, a tarifa de 50% é “inferior ao necessário” e poderá ser ajustada conforme a resposta brasileira.

Embora Trump alegue desequilíbrio comercial, dados do Ministério do Desenvolvimento mostram que, desde 2009, o Brasil acumula um déficit de US$ 88,6 bilhões nas trocas com os EUA, o que contradiz seu argumento.

Para Leonardo Bortolin, a prioridade deve ser preservar a estabilidade comercial e evitar prejuízos aos produtores brasileiros. Ele ressaltou que a relação comercial com os Estados Unidos é estratégica, especialmente para Mato Grosso, e defendeu maturidade institucional para que disputas políticas não se transformem em crises econômicas.

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