A conectividade hidrológica refere-se à passagem da água de um local para outro. No Pantanal, essa conexão é essencial para o funcionamento do bioma, uma vez que o ciclo de inundação e seca é seu principal motor biológico. São centenas de córregos, baías e corixos (canais naturais) que se interligam durante as cheias dos rios Cuiabá e Paraguai.
Participaram do projeto alunos do ensino médio de cinco escolas estaduais de Barão de Melgaço, duas de Santo Antônio de Leverger e uma de Várzea Grande. A iniciativa, intitulada “Educação para a sustentabilidade em rede de escolas pantaneiras”, foi desenvolvida em três fases.
Na primeira fase, foram realizadas entrevistas para avaliar a percepção socioambiental de professores e estudantes das sete escolas sobre a dinâmica de cheias e secas no Pantanal, além das ameaças ao bioma.
A segunda fase envolveu estudos interdisciplinares sobre a conectividade hidrológica, com a realização de palestras, rodas de conversa e excursões de campo. Nessas atividades, os alunos ouviram ribeirinhos, donos de pousadas, turistas, pescadores e pesquisadores.
"Os alunos aprenderam a analisar, na prática, a qualidade da água e utilizaram drones para registrar imagens das áreas estudadas, possibilitando a comparação das mudanças ao longo do tempo", explicou Selma.
Na última fase, os estudantes compartilharam os conhecimentos adquiridos durante a pesquisa em campo, por meio de visitas às demais escolas participantes, promovendo o intercâmbio de experiências.
Durante a pesquisa de doutorado, as escolas envolvidas foram contempladas com recursos do Programa Pesquisa e Inovação na Escola (PIE), da Fapemat, que possibilitaram a concessão de bolsas aos alunos e a aquisição de equipamentos para uso compartilhado entre as unidades.
O projeto de doutorado foi um dos premiados na 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia — Bioma Brasil: Diversidade, Saberes e Tecnologias Sociais — da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci).
“Os resultados finais permitiram analisar o conhecimento da dinâmica ambiental, o modo de vida de cada comunidade e a conexão cultural com a natureza. Com a realização das pesquisas, ficou demonstrado como os efeitos das ações antrópicas e das mudanças climáticas afetam o ambiente local e, consequentemente, a vida dos moradores", concluiu Selma.