Tudo começou em 2005, com uma lei que tornou obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao diesel comercializado em todo o país a partir de 2008. Inicialmente conhecido como B2, o percentual continuaria crescendo gradualmente. Neste mês de março o Senado aprovou o aumento de 12% para 14%, o B14, na mesma onda, a Câmara dos Deputados aprovou projeto para que a mistura de biodiesel no diesel fóssil passe a ter um patamar mínimo de 13%, com meta de aumentar 1% ao ano, chegando a 20% em 2030, e teto de 25%.
Porém, como é de conhecimento do mercado, quanto maior o percentual de biodiesel presente na mistura, maior o risco de problemas, como a formação de borras, fungos e entupimentos, tanto nos tanques de armazenamento dos postos quanto nos veículos. E para os revendedores, isso traz diversas dificuldades, como aumento nos custos, por conta da necessidade de maior manutenção, e até mesmo pelo número de reclamações dos clientes, que podem enfrentar problemas no funcionamento dos veículos.
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Entendo que a medida visa a transição energética, questões ambientais e a troca do combustível fóssil por um de fonte renovável. Entretanto, ainda há preocupações sobre qual será o impacto do aumento de teor do biodiesel ao óleo diesel nas engrenagens dos motores que rodam o país.
Estudos feitos por diversas entidades e fábricas só aconselhavam esta adição até 7%. Mas, mesmo sem nenhum estudo que indicasse esta possibilidade na prática, os aumentos vieram seguidamente. E aí começaram a pipocar problemas, visto que o diesel é usado por veículos rodoviários de cargas, como caminhões, transporte coletivo (ônibus), na maioria das vezes com motores fabricados a décadas atrás.
As distribuidoras de combustíveis afirmam que o texto deixa de exigir testes técnicos para aumento do percentual da mistura de biodiesel no óleo diesel. Por isso, segundo integrantes do setor, há preocupação com danos em motores, o que poderia gerar perda de eficiência energética dos veículos usados para transporte de mercadorias e custos excessivos com reposição de peças e manutenção.
A preocupação que fica para os proprietários de postos de combustíveis, que fazem apenas a revenda do produto, e que tem contato mais próximo com o consumidor final, é o quanto sua imagem pode ser afetada em caso de problemas mecânicos ocasionados por esse aumento do biodiesel.
Não é o empresário dono do posto que determina a quantidade de biodiesel no diesel, mesmo assim, somos nós que servimos de para raio quando o problema com o veículo do consumidor ocorre. É muito mais fácil apontar o estabelecimento de agir de má fé e adulterar o combustível, do que culpar quem determinou um aumento na porcentagem desse item na composição do diesel.
Claudyson Martins Alves é empresário do segmento de combustíveis e presidente do Sindipetróleo