O combate ao abuso sexual infantil foi o tema central da Tribuna Livre realizada nesta quinta-feira (29), na Câmara Municipal de Cuiabá. A discussão destacou a urgência de ações contínuas de prevenção nas escolas e trouxe à tona dados alarmantes sobre a violência contra crianças e adolescentes — crimes que, em sua maioria, seguem invisíveis devido ao medo e ao silêncio das vítimas.
A iniciativa partiu da vereadora Maysa Leão (Republicanos), que convidou três especialistas para abordar o assunto: Maria Fátima dos Santos, psicanalista com formação em ESEPAS (Educação Sexual Emocional e Prevenção ao Abuso Sexual), Edna Guzzi, também psicanalista e educadora ESEPAS, e Maria José, psicanalista com atuação voltada ao cuidado com a gestação e o desenvolvimento infantil.
Durante a tribuna, a psicanalista Maria Fátima reforçou a importância da informação e da prevenção. “A prevenção ao abuso sexual infantil nos tempos atuais é muito séria e necessária. Falarmos sobre o abuso contra crianças e adolescentes é essencial, porque é um problema real, grave e que infelizmente ainda é muito silencioso. Precisamos romper esse silêncio. Nós temos a Lei 14.811 que endurece penas para crimes contra menores de 14 anos e tipifica novos crimes, como bullying e cyberbullying.”
A vereadora Maysa Leão destacou o trabalho realizado pelas profissionais, que já atuam em algumas escolas com um projeto pedagógico lúdico e educativo. A proposta é levar essa metodologia para toda a rede municipal.
“Você não pode chegar numa escola para falar com os nossos pequenininhos sem a linguagem adequada. E hoje nós estamos aqui com mulheres muito corajosas, com a Maria José, com a Maria Fátima e com a Edna, que criaram esse projeto pedagógico que ensina as crianças quais partes do corpo são privativas. Elas usam bonecos, material adequado e se vestem de forma atrativa para captar a atenção das crianças, ajudando-as a não caírem na rede da pedofilia. E, se caso forem vítimas, que saibam como pedir socorro”, disse a parlamentar.
A psicanalista Maria José destacou como os abusadores manipulam emocionalmente as crianças, dificultando as denúncias. “O abusador diz ‘é nosso segredo, se contar, mamãe morre’, e a criança, com medo, se cala. Então nós estamos prontas para trabalhar com você, Maysa, para cuidar desses pequeninos, que são o futuro do nosso Brasil”, complementou.
Maysa Leão anunciou que irá propor a formalização de um termo de cooperação com o secretário municipal de Educação, Amauri Monge Fernandes, para que o projeto seja implementado de forma contínua nas 173 unidades escolares de Cuiabá.
“Hoje eu fiz o compromisso com elas de que vamos levar esse projeto para a rede municipal de forma estruturada e contínua. O Maio Laranja é um grito de socorro, mas o trabalho tem que acontecer o ano todo”, finalizou Maysa Leão.