21 de Maio de 2025

ENTREVISTA DA SEMANA Terça-feira, 20 de Maio de 2025, 14:46 - A | A

Terça-feira, 20 de Maio de 2025, 14h:46 - A | A

ABÍLIO

‘Faltou cobrança no passado’: Prefeito responsabiliza aliados de Emanuel por atrasos

“Infelizmente, essa situação começou assim devido à falta de planejamento da gestão anterior, que não deixou tudo pronto para o início da nossa administração”.

Lucas Leite | Redação

Em meio aos desafios da administração municipal e sob os holofotes da política local, o prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini, concedeu entrevista ao Centro Oeste Popular para esclarecer temas que vêm gerando debates intensos na capital mato-grossense. Entre os assuntos abordados estão o reajuste geral anual dos servidores, os atrasos na entrega dos kits escolares e uniformes, a rescisão de contrato com a empresa HB20, e o impasse envolvendo a possível aquisição da Santa Casa de Misericórdia. Além disso, o prefeito comentou as declarações da Secretária Municipal de Saúde sobre a vacina contra a COVID-19 e rebateu críticas de vereadores, levantando questões sobre a coerência nas cobranças públicas e a postura de alguns parlamentares diante de temas sensíveis. A entrevista também abordou a situação política do vereador Chico 2000 e sua permanência no partido. Confira, a seguir, os principais trechos da conversa com o prefeito, que falou com franqueza sobre os desafios, decisões e posicionamentos da atual gestão.

Centro Oeste Popular — Prefeito, o senhor já sancionou o decreto referente ao reajuste geral anual para os servidores, incluindo efetivos, comissionados e contratados por indicação? O pagamento será realizado ainda neste mês? E como está a situação da folha de pagamento da Prefeitura de Cuiabá diante desse reajuste?

Abílio — O Reajuste Geral Anual (RGA) será implementado na folha de pagamento deste mês, sendo processado com a folha convencional. A administração municipal confirma que os vencimentos, incluindo o reajuste, serão pagos dentro do mês vigente, conforme o cronograma financeiro estabelecido.

Centro Oeste Popular — Prefeito, diante das cobranças feitas por vereadores sobre o atraso na entrega dos kits escolares e dos uniformes aos alunos da rede municipal, qual é a sua resposta a essas críticas?

Abílio — Esses vereadores que agora cobram o atraso na entrega dos kits escolares e dos uniformes são os mesmos que foram reeleitos e, na gestão passada, se omitiram diante da responsabilidade. Muitos deles eram aliados do ex-prefeito Emanuel e, à época, não cobraram providências para que as compras fossem feitas com antecedência. Todo o processo de aquisição foi reestruturado já na nossa gestão. O ideal é que esse planejamento ocorra no final do ano anterior, para garantir a organização e a entrega dentro do prazo no ano letivo seguinte. Como isso não foi feito anteriormente, nossa gestão teve que iniciar todo o levantamento, o processo de contratação da empresa, a realização do pedido e acompanhar a produção dos uniformes até a entrega. Houve um pequeno atraso por parte da empresa, de cerca de uma a duas semanas, mas ainda dentro de um padrão razoável. E agora, justamente porque os uniformes chegaram e estão sendo entregues, esses vereadores intensificam as críticas, tentando criar um barulho político em cima de uma situação que já está sendo resolvida. A entrega está em andamento e será concluída ainda esta semana.

Centro Oeste Popular — Prefeito, qual é a situação atual do processo de rescisão do contrato entre a Prefeitura de Cuiabá e a empresa HB20?

Abílio — O contrato com a empresa HB20 já foi encerrado. Ele tinha um prazo de validade definido e, ao final, optamos por não prorrogá-lo nem realizar aditivos. Agora, estamos preparando uma nova licitação para dar continuidade às obras. Atualmente, estamos realizando uma auditoria no contrato que se encerrou, com o objetivo de avaliar os serviços prestados tanto pela HB20 quanto pela outra empresa envolvida, para que sejam responsabilizadas pelos reparos necessários naquilo que foi executado. Boa parte da obra apresenta problemas: há buracos, calçadas trincadas e áreas em processo de deterioração. A empresa HB20, apesar de ter encerrado o contrato, ainda tem responsabilidade pela garantia dos serviços realizados. Já a Inhambicuara, que continua em execução, também tem obrigações com a qualidade da obra. Ambas serão cobradas para realizar os devidos reparos.

Centro Oeste Popular — Prefeito, em relação à Santa Casa de Misericórdia, a Prefeitura de Cuiabá ainda mantém tratativas para a possível aquisição? Há alguma negociação em andamento ou estudo técnico que sustente essa proposta?

Abílio — A Prefeitura de Cuiabá não tem condições financeiras de adquirir a Santa Casa, e isso já foi deixado claro. Nossa expectativa é de que a Assembleia Legislativa e o Governo do Estado possam viabilizar essa compra e, posteriormente, transferir a unidade para que o município assuma a gestão. Caso isso não se concretize, vamos aguardar a definição sobre os próximos passos. O Estado possui um poder de compra significativamente maior e uma situação fiscal mais equilibrada do que a do município, o que torna essa operação mais viável para eles. Mas, se o Governo do Estado decidir não avançar com a compra, reforçamos que, infelizmente, a Prefeitura não tem condições de assumir esse compromisso, sozinha.

Centro Oeste Popular — Prefeito, recentemente, a Secretária de Saúde declarou que a vacina contra a COVID-19 causou efeitos negativos a ela. Na sua opinião, uma declaração como essa, vinda de uma autoridade na área da saúde, pode desestimular a população a se vacinar?

Abílio — Estamos em plena campanha de vacinação contra a gripe, com resultados muito positivos no combate à doença. As demais vacinas, conforme o calendário nacional, também estão em andamento. O comentário da Secretária foi a respeito da vacina contra a COVID-19. Recentemente, a Ministra Anísia Trindade foi questionada na Câmara Federal sobre não ter completado sua carteira de vacinação. E digo: duvido que algum vereador aqui na Câmara Municipal tenha a carteirinha completa de vacinação contra a COVID-19. A maioria tomou uma ou duas doses e, depois, interrompeu a vacinação. No entanto, quem quiser se vacinar, como, por exemplo, os vereadores, ainda pode fazê-lo. Esses mesmos vereadores, que criticam e cobram publicamente, deveriam primeiro mostrar suas próprias carteirinhas de vacinação. Cada corpo reage de maneira diferente à vacina, e se ela fez mal a alguém, não significa que irá fazer mal a todos. A pessoa tem o direito de decidir, e a situação do COVID-19 está bem controlada no município e no país. Existem várias variantes do vírus e as vacinas têm se modificado ao longo do tempo. A eficácia da vacina, inclusive, foi questionada por especialistas, não por mim, mas dentro de um contexto técnico e científico, sem envolvimento político. O questionamento é válido, desde que feito dentro dos parâmetros científicos. Agora, querer forçar a vacinação contra a COVID-19 em cima das pessoas, sem considerar a escolha individual, não faz sentido. A vacinação é uma decisão pessoal. Se os vereadores estão realmente tão preocupados com isso, deveriam começar por demonstrar que seguiram as orientações, já que nenhum deles tem a carteira de vacinação completa. Essa postura é, no mínimo, contraditória e hipócrita. Portanto, não faz sentido tentar empurrar para a sociedade algo que nem mesmo os próprios vereadores praticam. E essa abordagem não será aceita.

Centro Oeste Popular — A Procuradoria recomendou a rejeição do pedido de cassação do vereador Chico 2000, alegando a falta de provas. Como está a situação dele dentro do partido atualmente? Houve algum diálogo sobre o caso? Ele já retomou suas atividades normais ou ainda há pendências em relação à sua filiação?

Abílio — Não, eu não acredito que esse seja o cerne da questão. Vamos entender da seguinte forma: o partido político, de qualquer natureza, é fundamental para o candidato durante o período eleitoral, pois, existe a obrigatoriedade de afiliação partidária para que a pessoa possa disputar uma eleição. Após o período eleitoral, a fidelidade partidária se torna uma obrigação, mas a expulsão ou não de um membro do partido não tem impacto direto no exercício do mandato. A pessoa continua com o mandato e segue exercendo suas atividades normalmente. Portanto, essa questão não terá efeito significativo no processo.

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