09 de Maio de 2025

POLÍTICA Sexta-feira, 09 de Maio de 2025, 16:28 - A | A

Sexta-feira, 09 de Maio de 2025, 16h:28 - A | A

FOCO NO PECUARISTA

CST debate entraves para aplicação da genética e manejo na pecuária de MT

O foco da terceira reunião da CST esteve na aplicação prática da genética, manejo, nutrição e sanidade nas propriedades rurais

Redação

A terceira reunião da Câmara Setorial Temática (CST) da Genética de Zebuínos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) realizada nesta semana reuniu lideranças e especialistas para discutir os principais desafios da pecuária nos 142 municípios do estado. O foco esteve na aplicação prática da genética, manejo, nutrição e sanidade nas propriedades rurais.

O presidente da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (Nelore MT) e relator da CST, Alexandre El Hage, destacou a urgência de levar informação técnica para o campo e garantir que pequenos e médios produtores aplicam, de fato, o que já está disponível em conhecimento e tecnologia.

“Desde o primeiro dia de fecundação o boi começa a ser formado. A qualidade da carne, a saúde do animal, tudo depende da nutrição e do manejo adequado desde o início. O que ouvimos hoje reforça o que já sabemos: é preciso transformar conhecimento em ação no campo”, afirmou El Hage. Para ele, é necessário avançar especialmente no apoio ao pequeno e médio produtor, com estratégias práticas que gerem mais arrobas, mais leite e mais renda.

A médica veterinária e supervisora de Assistência Técnica e Gerencial do Senar-MT, Jéssica Lemos Gonçalves, alertou que, mesmo com programas gratuitos e acessíveis como o ATEg Inseminação, que leva inseminação artificial em tempo fixo (IATF) a propriedades de corte e leite, ainda há grande resistência por parte dos produtores.

“Hoje atendemos mais de 900 produtores de corte e 1.500 de leite, mas isso representa menos de 6% dos produtores do estado. A tecnologia existe, os profissionais estão prontos, mas o conhecimento ainda não chega aonde precisa”, afirmou.

Jéssica lembrou que mais de 80% dos produtores que já recebem assistência técnica ainda não utilizam nenhuma prática de melhoramento genético. “A pecuária não é mais como há 30 anos. O desafio é o produtor entender que precisa mudar. E isso só acontece com capacitação constante, inclusive dos nossos técnicos, para que a informação realmente chegue até a fazenda e vire resultado.”

O zootecnista Flávio de Rezende, que participou de forma online, reforçou que os maiores entraves atualmente são operacionais, e não nutricionais. “O produtor precisa alinhar genética, nutrição e manejo. Não adianta ter um animal superior se ele não recebe os nutrientes certos nas fases críticas. Temos clima e estrutura favoráveis, mas precisamos aplicar melhor o que já sabemos”, afirmou.

Para o presidente da CST, José Lacerda, o papel da Câmara é justamente promover esse diálogo e identificar onde estão os gargalos. O resultado disso gera prejuízo econômico extraordinário para o Estado. “Nós podíamos estar com o nosso PIB não de 50 bilhões, mas com o PIB de pelo menos 80 bilhões, só melhorando o avanço tecnológico. Temos tecnologia e pesquisa, mas a extensão rural não está chegando ao produtor. Precisamos entender onde está o erro, se é no Estado, na iniciativa privada ou no setor produtivo. Estamos perdendo produtividade por falta de comunicação entre os setores”.

A CST da Genética de Zebuínos foi criada pela ALMT por iniciativa do deputado estadual Doutor João (MDB), com o objetivo de subsidiar o Parlamento com informações técnicas que contribuam para o desenvolvimento sustentável da pecuária mato-grossense, a maior do país.

 
 

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