28 de Abril de 2025

POLÍTICA Quinta-feira, 27 de Março de 2025, 14:35 - A | A

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COLAPSO NA SAÚDE

Lúdio Cabral afirma que irá questionar o Secretário de Saúde após polêmica sobre acusações de negligencias dos pagamentos dos plantões

Após polemicas e investigações contra o atual secretário de Saúde Gilberto Figueiredo, o parlamentar não fornece respostas para a imprensa local.

Ana Carolina | Redação

De acordo com informações exclusivas obtidas pelo Jornal Centro Oeste Popular, o secretário estadual de Saúde de Mato Grosso, Gilberto Figueiredo (União), corre o risco de ser preso a qualquer momento devido a acusações de negligência no pagamento de plantões realizados pelos profissionais de saúde que atendem à população. O caso está sendo investigado pelas autoridades, e a situação pode tomar um rumo drástico nos próximos dias. A denúncia, que circula em fontes próximas ao governo estadual, aponta que os atrasos nos pagamentos têm causado uma crise interna na Secretaria de Saúde.

A investigação foi iniciada após uma série de queixas registradas por sindicatos e organizações de classe, que destacam a falta de ação do secretário para regularizar os pagamentos. Fontes confirmam que a situação se agravou, com várias unidades de saúde relatando que os profissionais estão ameaçando paralisar os serviços devido à falta de cumprimento dos direitos trabalhistas.
Além disso, o secretário também está sendo investigado por envolvimento em chantagem contra um empresário do setor de comunicação relacionado à sua campanha eleitoral de 2022. Denúncias indicam que Figueiredo deixou dívidas pendentes e foi implicado em suspeitas de "caixa 2" durante sua disputa por uma vaga de deputado estadual. O empresário teria sido coagido a impedir a remoção de sua esposa, servidora pública, para outro local de trabalho, embora uma resolução formal já tenha sido emitida sobre o caso.

A investigação contra o secretário coincide com os avanços da Operação Panaceia, da Polícia Federal, que apura um esquema de desvio de recursos públicos na área da saúde. O esquema foi descoberto durante uma auditoria da CGU e envolveu contratações irregulares em um hospital em Cáceres durante a pandemia de COVID-19. Recursos foram direcionados a um grupo fechado de empresas, prejudicando a concorrência e favorecendo interesses privados. O escândalo resultou no afastamento de Caroline Campos Dobes Conturbia Neves, então secretária-adjunta da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), após o governo estadual ser alertado pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) sobre as irregularidades. Mesmo com os alertas, as contratações seguiram normalmente, e até agosto de 2024, o valor total de recursos desviados somou cerca de R$ 55 milhões, com maior concentração durante a pandemia. O inquérito da Operação Panaceia permanece suspenso, mas o secretário continua sob investigação pela Polícia Federal, que identificou transações financeiras suspeitas entre ele e seus filhos, levantando indícios de lavagem de dinheiro entre 2021 e 2023.

Figueiredo nega as acusações e afirma que provará sua inocência nos tribunais. Em uma coletiva de imprensa, o deputado estadual Lúdio Cabral foi questionado sobre a situação. O parlamentar, que sempre defendeu as causas da saúde, afirmou que buscará respostas e soluções para evitar os impactos negativos dessas ações no setor.

“Nós vamos apurar os fatos, verificar onde estão acontecendo os problemas de pagamento aos profissionais e questionar o secretário. Recentemente recebi informações de que a cidade de Cáceres também está enfrentando dificuldades, e em breve realizaremos uma reunião para tratar das contas da saúde”, comentou.

Enquanto isso, os hospitais regionais de Sinop, Sorriso e Alta Floresta enfrentam uma grave crise devido à escassez de profissionais de enfermagem e técnicos de saúde. Em Sorriso, por exemplo, 16 leitos foram bloqueados em dezembro do ano passado por falta de pessoal. A situação é ainda mais crítica pela falta de convocação dos aprovados no concurso público de 2022, com mais de sete mil profissionais aguardando a chamada. A Comissão dos Aprovados no Concurso Público da SES-MT informou que, de 296 aprovados, apenas 100 foram convocados, enquanto a Secretaria recorreu a contratações temporárias, uma prática considerada irregular pela legislação. Isso tem causado sobrecarga de trabalho nos servidores, que estão deixando seus cargos devido ao excesso de trabalho.

O secretário Gilberto Figueiredo, por sua vez, tem sido considerado um dos pontos fracos da gestão do governador Mauro Mendes (União) devido à sua administração polêmica na saúde. Sua condução da pasta levou a duas operações policiais durante o governo atual, ambas investigando fraudes em licitações e desvios de recursos públicos na área da saúde durante a pandemia de COVID-19.

A primeira operação, "Operação Espelho", apurou fraudes em contratos com hospitais de Mato Grosso e resultou na denúncia de 22 médicos, além do afastamento de figuras chave da Secretaria de Saúde. A outra, a Operação Panaceia, investiga um esquema semelhante envolvendo o hospital regional de Cáceres. O governador Mauro Mendes, em duas ocasiões, conseguiu barrar a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, impedindo a coleta de assinaturas suficientes para sua abertura. A crise na saúde pública de Mato Grosso continua a se agravar, e a pressão sobre o governo estadual aumenta à medida que as investigações avançam. A sociedade aguarda respostas e ações concretas para resolver os problemas enfrentados pelo setor.

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