Em meio a um cenário político agitado, marcado por tensões institucionais, embates retóricos e decisões estratégicas que moldarão o futuro de Mato Grosso, o governador Mauro Mendes (União Brasil) concedeu uma entrevista ao Centro Oeste Popular. Em tom firme e com discurso centrado na gestão, Mendes respondeu a críticas, apresentou dados e reafirmou seu compromisso com a estabilidade fiscal, a modernização da segurança pública e a continuidade de políticas estruturantes no Estado. A conversa abrange temas que têm ocupado o centro do debate público: as críticas do e x - governador Pedro Taques, as fugas de detentos em regime de trabalho externo, os avanços no reaparelhamento das forças de segurança, a alta nos casos de feminicídio e os desafios para enfrentá-los. Mendes também comentou o apoio declarado a Otaviano Pivetta como possível sucessor, sem ignorar o movimento de outras lideranças do grupo, como o senador Jayme Campos. E, apesar das especulações sobre uma possível candidatura ao Senado, foi categórico ao afirmar que qualquer decisão sobre seu futuro político será comunicada no prazo legal, e não antes. Em um momento em que a pressão política se intensifica, o governador procurou reforçar uma imagem de gestor técnico, focado em resultados e avesso a disputas prematuras. A seguir, a íntegra da entrevista, marcada por respostas diretas, dados concretos e uma visão estratégica do presente e do futuro de Mato Grosso. Confira a entrevista completa:
Centro Oeste Popular – O secretário Rogério mencionou o ex-governador Pedro Taques, e o senhor também comentou sobre as condições em que recebeu o Estado. Foi uma resposta intencional às críticas recentes à suagestão?
Mauro Mendes – Não foi intencional. Apenas destaquei fatos. Os números estão aí e é importante analisarmos o passado, o presente e o futuro. Olhar para trás nos ajuda a entender de onde viemos e se estamos progredindo na direção certa. A referência histórica é essencial para um planejamento eficiente.
Centro Oeste Popular – Dois detentos fugiram recentemente da Penitenciária Central do Estado. Como está a apuração? Já se sabe onde houve falha?
Mauro Mendes – Todas as fugas envolveram detentos em regime de trabalho externo, o chamado extramuro, conforme já explicou o secretário Rivel. Nenhuma ocorreu entre os internos em regime fechado. Acreditamos que o trabalho é fundamental na ressocialização, e a maioria dos que atuam nesse regime não foge. Seguimos critérios rigorosos para a seleção, considerando perfil, tempo de pena e comportamento. Ainda assim, há exceções. Muitos dos fugitivos já foram recapturados e retornaram ao regime fechado, com as devidas sanções. Vamos continuar com essa política, que tem apresentado bons resultados. Hoje, cerca de 40 reeducando trabalham no Parque Novo Mato Grosso, entre outras frentes no Estado. Apostamos na ressocialização pelo trabalho.
Centro Oeste Popular – O Estado entregou quase 2 mil pistolas Glock e coletes balísticos à Polícia Penal. Essa medida faz parte de um esforço maior de unificação das forças de segurança?
Mauro Mendes – Sim. Hoje, Mato Grosso equipa todas as forças de segurança com armamentos modernos e padronizados. A Glock é uma das melhores do mundo. Quando assumi em 2019, não havia recursos nem para equipamentos, e recebemos doações da Polícia Rodoviária Federal. Com equilíbrio fiscal, agora investimos com recursos próprios. Também oferecemos treinamentos contínuos para garantir uma segurança pública mais eficiente e moderna.
Centro Oeste Popular – Os homicídios diminuíram, mas os casos de feminicídio aumentaram. Como o governo está enfrentando essa questão?
Mauro Mendes – O feminicídio é tratado de forma específica nos nossos relatórios. Infelizmente, houve aumento, e 77% dos casos ocorrem no ambiente familiar, o que dificulta a ação preventiva. Atuamos com campanhas educativas, oferecemos ferramentas como o botão do pânico e treinamos equipes para resposta rápida. Também valorizamos o endurecimento da legislação e parabenizamos a senadora Margareth pela elevação da pena para até 40 anos. Todos os casos registrados no Estado foram esclarecidos, com os culpados identificados e encaminhados à Justiça. Vamos lançar uma campanha para divulgar as primeiras condenações com penas máximas.
Centro Oeste Popular – O deputado Eduardo Botelho disse que o senhor estipulou de três a quatro meses para decidir se disputará o Senado. Esse é seu prazo?
Mauro Mendes – Não estabeleci prazo. As pessoas criam essas datas, mas a única que importa é 4 de abril de 2026, quando vou comunicar oficialmente minha decisão. Até lá, nada será antecipado. Estratégia eficaz exige discrição. Meu foco agora é governar Mato Grosso e cumprir meu mandato, não pensar nas eleições.
Centro Oeste Popular – O ex-governador Pedro Taques criticou sua gestão, alegando terceirização da segurança pública, queda no efetivo e questionando a construção do parque. Qual sua resposta?
Mauro Mendes – O ex-governador já foi julgado pelas urnas. Em 2018, teve desempenho inferior a votos nulos e brancos. Depois, ficou em sétimo lugar na disputa ao Senado. Não vou responder a críticas infundadas e sem dados. Prefiro continuar trabalhando pelo desenvolvimento e pela segurança de Mato Grosso.
Centro Oeste Popular – O senhor declarou apoio a Otaviano Pivetta, mas o senador Jayme Campos também sinalizou interesse na disputa pelo governo. Isso pode causar divisão no grupo?
Mauro Mendes – Ainda estamos longe das definições. Apoio Pivetta porque confio em sua capacidade de dar continuidade ao trabalho. Se Jayme quiser construir um projeto, tem esse direito. Ele é senador e pode viabilizar sua candidatura. Na União Brasil, cada um pode expressar sua opinião. Se alguém quiser concorrer, que construa seu caminho. Ainda não discutimos a possibilidade de Jaime sair do partido. As decisões serão tomadas no momento certo. Até lá, todos são livres para se manifestar.